Publicar seu próprio livro – entrevista com André Averbug

André Averbug
André Averbug

O carioca André Averbug trabalha como consultor econômico e de empresas start-up em Washington DC, nos Estados Unidos, onde mora com a família. No final de 2012, André publicou seu primeiro livro,O Meio e o Si. Em entrevista exclusiva, ele fala sobre sua obra e dá dicas sobre como publicar um livro de forma descomplicada.

Brasileiros Mundo Afora: André, o que motivou você a escrever um livro?
A vontade de compartilhar minhas ideias, documentar minha visão do mundo e das pessoas. Quando decidi escrever meu primeiro livro, a dúvida era sobre a melhor forma de apresentar minhas ideias. Decidi por um romance, pois é mais flexível que um não-ficção, proporcionando mais possibilidades tanto ao leitor quanto ao escritor. O romance nos permite navegar pelo lado mais íntimo e sutil dos acontecimentos, aguçando a sensibilidade e trazendo à tona questões que a não-ficção nem sempre consegue. Acho que foi a decisão acertada, até porque cada vez que o releio ou converso com alguém que leu o livro, descubro um ângulo novo, no qual eu ainda não havia pensado quando escrevi.

Brasileiros MundoAfora: Como surgiu a ideia do livro?
Uma vez assisti a uma palestra, onde disseram que a melhor forma de começar um romance é sentar na frente do computador e começar a escrever sem medo de errar. Foi mais ou menos o que fiz. Assim como o protagonista, tomei meu rumo e fui ver no que dava. Aos poucos fui tendo ideias que se encaixavam bem e em certo momento já sabia para onde queria ir e tinha o roteiro bem costurado.
 
Brasileiros MundoAfora: O livro fala sobre você?
Fala sobre nós, seres humanos. A frase de abertura, do Camus, é emblemática: “O ser humano é a única criatura que se recusa a ser o que é.” Temos instintos, impulsos, vontades, que são oprimidos – para o bem e para o mal – pelas normas que nos impomos. Nossas atitudes, sentimentos e até certas decisões “racionais” são regidos pelo processo evolucionista. Claro que temos a ética, a moral e os princípios sociais de convivência, mas no fundo somos “criaturas”, como disse o Camus. O assunto sempre me fascinou, e o livro, em última instância, é sobre esse conflito: ser social versus ser instintivo. Mas O Meio e o Si é escrito de maneira bem leve (não saberia escrever de outra forma), portanto para muitos pode significar apenas uma despretensiosa aventura de um personagem pequeno-burguês em busca de algo mais. Uma das coisas de que mais gosto no livro é justamente que a interpretação fica realmente a critério de cada um, inclusive quanto ao que é real e… Bom, não vou estragar a trama (risos).

Brasileiros Mundo Afora: Quanto tempo você levou para escrever O Meio e o Si?

Cerca de um ano, mas sempre em tempo parcial. Escrevia um pouco à noite, mais um pouco nos finais de semana. Às vezes passava semanas sem tocar no texto. O importante é a persistência e não ser muito perfeccionista, pelo menos no começo, senão não acaba nunca. Depois, aos poucos, polimos as arestas.
Brasileiros Mundo Afora: Você publicou seu livro na Amazon. Conte mais sobre essa experiência.
Eu usei o esquema independente da CreateSpace, que é uma empresa do grupo Amazon. É bom, pois você não precisa fazer investimento algum. O livro está disponível na Amazon (eBook e papel) e é impresso de acordo com a demanda. Agora, se você quiser vender em uma livraria, tem que fazer todo o esforço de contatos e marketing sozinho, e isso é bem difícil. Consegui uma parceria com a Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro, mas sei que eles não fazem mais isso. O estoque eu compro da CreateSpace (preço de autor) e repasso para a Travessa. Para divulgação, o ideal seria eu participar mais de leituras, festivais, organizar lançamentos promocionais, mas infelizmente não tenho tempo.
Outra opção para financiar a publicação de um livro é usar sites de crowdfunding*. Assim você pode levantar também recursos para marketing e, quem sabe, contratar um especialista para ajudar na divulgação. Mas a grande desvantagem dessas produções independentes é que não conseguimos distribuir em grande escala para as livrarias, que, principalmente no Brasil, ainda são os principais canais de venda.

Brasileiros Mundo Afora: Quando podemos esperar o segundo livro?
Acho que um segundo livro não vem tão cedo. O primeiro foi um desafio pessoal e que teve um sabor especial. Também acho que esse livro pode ser mais explorado antes de se pensar em um segundo. Ainda quero tentar uma editora tradicional para profissionalizar sua distribuição e aumentar as vendas. Também sou cinéfilo e adoraria que algum roteirista se animasse a trabalhar no projeto “O Meio e o Si – O Filme” (risos). Mas sigo escrevendo quase diariamente, nem que seja meia horinha à noite. Tenho dois blogs, um homônimo do livro e um em inglês, focado em empreendedorismo, chamado Entrepreneurship Compass. Convido todos a segui-los:

O Meio e o Si 

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Sobre Claudia Bömmels

Claudia Bömmels é fotógrafa, contadora de histórias, viajante e editora da Brasileiros Mundo Afora. Atualmente ela mora em Nanjing na China.

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