Brasileira na Itália – Cake Designer Roberta Spadini

Cakedesigner Roberta Spadini
 
Roberta Spadini tem 36 anos e é natural de São Paulo. Ela é formada em Letras, com licenciatura em Língua Italiana. Morando na Itália há 10 anos, ela começou a fazer cursos profissionalizantes na área de cake design em 2012, quando perdeu o emprego de vendedora. Roberta é casada com o italiano Alessandro e tem dois filhos. Em entrevista, ela fala sobre essa profissão na Itália e sobre seus cinco minutos de fama na televisão italiana.
Brasileiros Mundo Afora (BMA): Roberta, desde quando você começou a se interessar pela profissão de cake designer?
Roberta: Bem, eu não me considero uma confeiteira ou cake designer ainda. Minha mãe no Brasil trabalha como cozinheira e em casa ela sempre nos preparou as merendas e os lanches. No final da tarde, nunca faltou um bolo, um biscoito feito por ela. Eu mantive essa tradição aqui na Itália e sempre gostei de cozinhar, em especial doces. Com o nascimento da minha primeira filha em 2009, eu comecei a me interessar pela arte da pasta americana, a pesquisar online e a praticar em casa.
BMA: Você fez algum curso?
Roberta: Sim. Quando fiquei desempregada em janeiro de 2012, investi em cursos com profissionais renomados no setor. Fiz cursos básicos de decoração e modelagem de personagens e flores. Para completar, fiz um curso profissionalizante de sorveteria.
BMA: Como é sua rotina de trabalho?
Roberta: Eu trabalho esporadicamente para dois laboratórios de bolos, e eles me chamam quando possuem muitos trabalhos para realizar. Em casa, faço bolos somente para parentes e amigos, quase sempre nos finais de semana. Também colaboro com uma loja que vende artigos para confeitaria, ministrando cursos para crianças e adultos. Como não tenho empresa própria ainda, eu planejo meus trabalhos de acordo com meu tempo. Até agora, tenho conseguido conciliar bem o trabalho com a família.
BMA: Como funciona o ramo da confeitaria na Itália?
Roberta: A Itália é um país cheio de artistas. Muitas pessoas que trabalhavam com artes, pintura, molduras, arquitetura e design deixaram sua profissão de origem para se dedicarem ao mundo da confeitaria. Foram assim criados trabalhos muito artísticos.
O cake design chegou por aqui por volta de 2009 e fez muito sucesso, principalmente por causa da transmissão do programa americano de televisão Cake Boss. O programa relata o cotidiano de Buddy Valastro com sua família. Juntos eles têm uma padaria, a Carlo’sBakery, nos Estados Unidos, onde dão especial destaque à confecção de bolos esculturais. Hoje temos um festival muito importante, que é realizado todos os anos em Milão e este ano, pela primeira vez, também em Roma: o Cake Design Italian Festival, onde muitos artistas podem apresentar seus trabalhos.
Mas o setor de confeitaria tem lutado para sobreviver aqui na Itália, por vários motivos. Quando essa arte chegou aqui, existiam poucas marcas de pasta americana e de acessórios de confeitaria; quando se encontrava, era tudo muito caro. Com o tempo, surgiram também outros programas de televisão, e o mercado foi inundado com todo tipo de produto, até mesmo imitações chinesas.
O lado positivo foi que o material podia ser adquirido por um preço justo. Só que, com isso, os profissionais tiveram que competir com as donas de casa, que começaram também a fazer bolos em casa para si e para vender, apesar de não ser permitido. Aqui na Itália é proibido vender produtos comestíveis feitos em casa. Eles precisam ser produzidos em laboratórios ou em cozinhas industriais, como chamamos no Brasil, que são sujeitos à fiscalização de higiene.
Uma grande diferença cultural é que aqui na Itália não existe o costume de fazer festas com temas ou enormes como no Brasil. O meu maior choque foi não ver o bolo nas festas de crianças. É muito comum ver, no lugar do bolo, pães doces em forma de número, recheados com Nutella, para oferecer às crianças. O bolo, quando existe, é feito com pão de ló, recheado com creme de confeitaria e coberto com chantilly. Muitas vezes nem chega a ser cortado na festa. A pasta americana nem sempre agrada o paladar do italiano.
BMA: Conte-nos sobre sua participação no programa do famoso cake designer Renato Ardovino.
Roberta: O programa chama-se Torte in Corso no canal Real Time. Nele o famoso cake designer Renato Ardovino e seu sobrinho Angelo ensinam como realizar um bolo decorado. Eu participei da quarta edição. A primeira seleção foi online, aberta a todos. Tive que escrever o projeto de um bolo que gostaria de realizar junto com ele e responder a outras perguntas relacionadas às técnicas e ao mundo dos bolos. Passada a primeira seleção, fiz uma entrevista, para a qual levei fotos das minhas criações.
Tive a sorte de ser selecionada e pude viver essa aventura, mesmo estando grávida de três meses. Foi uma experiência inesquecível e adorei a surpresa do bolo com o tema do Carnaval.
BMA: Como você imagina seu futuro como cake designer?
Roberta: O meu sonho é abrir um laboratório de bolos no Brasil. Em fevereiro de 2015, iniciarei um curso profissional de confeitaria, com diploma reconhecido em toda a Comunidade Europeia e aí, sim, poderei dizer que sou uma confeiteira! Não penso ainda em voltar ao Brasil; enquanto isso, vou me aprimorando nessa profissão, pela qual me apaixonei. Quero poder trabalhar em alguma confeitaria renomada para adquirir habilidades e mais experiência. Sempre pensando em um futuro doce no Brasil.
Acompanhe o trabalho de Roberta: facebook.com/RobysSweetCakes
O sonho de Roberta é voltar a morar no Brasil e trabalhar como cake designer.

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Sobre Claudia Bömmels

Claudia Bömmels é fotógrafa, contadora de histórias, viajante e editora da Brasileiros Mundo Afora. Atualmente ela mora em Nanjing na China.

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